Rosemary Kuwabara

Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) x Asperger

Criança sozinha

O que é Transtorno do Espectro do Autismo -TEA

É um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.

Como é feito o diagnóstico de TEA

O diagnóstico de autismo é clínico e deve ser feito por profissionais especializados através da observação da criança e conversa com pais e familiares. Já no primeiro ano de vida é possível detectar alguns sinais, como contato visual pobre, ausência de balbucio ou gestos sociais, não responder pelo nome quando chamado.

Os pais observam pouco interesse em compartilhar objetos e dificuldade em desviar o foco em atividades que interessa à criança. Problema para dormir também é uma característica muito presente no autismo, assim como seletividade para alimentos, medos excessivos e hipersensibilidade a determinados barulhos ou estímulos.

Outros sinais relevantes para o diagnóstico de TEA é a excessiva preferência por determinados objetos, texturas, cores ou jogos. Pode haver uma demora para engatinhar, andar, falar e até mesmo regressão da fala entre 1 e 2 anos.

O especialista fará o diagnóstico baseado nas conversas com pais e na observação desses sintomas. Não existem exames de laboratório que confirmem o autismo, sendo um diagnóstico clínico feito pela observação da criança em diferentes ambientes.

Muitas vezes o diagnóstico acontece quando a criança já está na escola, sendo o papel dos professores fundamental para identificar sinais que possam indicar o TEA.

Critérios diagnósticos de autismo no DSM-5

  • Inabilidade persistente na comunicação social, manifestada em déficits na reciprocidade emocional e nos comportamentos não verbais de comunicação usuais para a interação social.
  • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividade, manifestados por movimentos, falas e manipulação de objetos de forma repetitiva e/ou estereotipada, insistência na rotina, rituais verbais ou não verbais, inflexibilidade a mudanças, padrões rígidos de comportamento e pensamento; interesses restritos e fixos com intensidade; hiper ou hipo atividade a estímulos sensoriais.
  • Os sintomas devem estar presentes no período de desenvolvimento, em fase precoce da infância, mas podem se manifestar com o tempo conforme as demandas sociais excedam as capacidades limitadas.

Todos esses sintomas causam prejuízos significativos no funcionamento social, profissional e em outras áreas da vida da pessoa com autismo.

Níveis de gravidade do TEA

Nível 1 — Leve

As pessoas com nível leve de autismo, em relação à interação e comunicação social, apresentam prejuízos, mas não necessitam de tanto suporte. Têm dificuldade nas interações sociais, respostas atípicas e pouco interesse em se relacionar com o outro.

Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade para trocar de atividade, independência limitada para autocuidado, organização e planejamento.

Nível 2 — Moderado

As pessoas com nível moderado de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de suporte substancial, apresentando déficits na conversação e dificuldades nas interações sociais, as quais, muitas vezes, precisam ser mediadas.

Em relação ao comportamento podem apresentar dificuldade em mudar de ambientes, desviar o foco ou a atenção, necessitando suporte em muitos momentos.

Nível 3 — Severo

As pessoas com nível severo de autismo, em relação à interação e comunicação social, necessitam de muito suporte, pois apresentam prejuízos graves nas interações sociais e pouca resposta a aberturas sociais.

Em relação ao comportamento, apresentam dificuldade extrema com mudanças e necessitam suporte muito substancial para realizar as tarefas do dia a dia, incluindo as de autocuidado e higiene pessoal.

Além desses fatores, outros critérios específicos para o diagnóstico de autismo são: prejuízo intelectual e de linguagem, condição médica ou genética, outras desordens do neurodesenvolvimento ou transtornos relacionados.

Tratamento do TEA

Os principais objetivos no tratamento são:

  • Estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
  • Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
  • Diminuir comportamentos que interferem no aprendizado e possibilitar o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano;
  • Ajudar as famílias a lidarem com o autismo.

Para a independência funcional, não existe um tratamento único melhor; deve ser personalizado conforme as limitações e necessidades da pessoa. As famílias, terapias e o sistema de ensino são os principais recursos para o tratamento. O tratamento psicológico com evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (Applied Behavior Analysis ou, análise aplicada do comportamento). Como o tratamento para autismo é interdisciplinar, os pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais.

O que é Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger é uma condição semelhante ao autismo, que se manifesta desde a infância e que leva a pessoa com Asperger a ver, ouvir e sentir o mundo de forma diferente, o que acaba provocando alterações na forma de se relacionar e comunicar com os outros.

A intensidade dos sintomas pode variar bastante de uma criança para a outra e, por isso, casos menos aparentes podem ser mais difíceis de identificar. É por esse motivo que muitas pessoas descobrem a síndrome apenas durante a idade adulta, quando já apresentam depressão ou quando começam a ter episódios intensos e recorrentes de ansiedade.

Ao contrário do autismo, a síndrome de Asperger não causa dificuldade generalizada de aprendizado, mas pode afetar algumas aprendizagens.

Para se saber se uma criança ou adulto tem síndrome de Asperger é necessária a consulta com um pediatra ou psiquiatra, que irá avaliar a presença de alguns sinais indicativos da síndrome como:

10 sinais que podem indicar síndrome de Asperger

  1. Dificuldade para se relacionar com outras pessoas devido o pensamento rígido e dificuldade de compreender as suas emoções e a dos outros.
  2. Dificuldade para se comunicar, só entende o que foi dito literal, não entende sinais indiretos, gestos corporais, alteração no tom de voz, expressões faciais, ironia ou sarcasmo.
  3. Não compreender as regras, isto faz com que a interação social destas crianças seja cada vez mais difícil à medida que vão crescendo.
  4. Nenhum atraso na linguagem, desenvolvimento ou inteligência. As crianças com esta síndrome têm um desenvolvimento normal, não precisando de mais tempo para aprender a falar ou escrever. Além disso, seu nível de inteligência também é normal ou, muitas vezes, acima da média.
  5. Necessidade de criar rotinas fixas, mudanças não são bem-vindas.
  6. Interesses muito específicos e intensos (foco numa atividade, assunto ou objeto por muito tempo)
  7. Pouca paciência
  8. Descoordenação motora, costumam ser desengonçados e desajeitados. É comum que as crianças com esta síndrome fiquem com uma postura corporal incomum ou estranha.
  9. Descontrole emocional, podem ter dificuldade em regular suas reações.
  10. Hipersensibilidade a estímulos (Luzes, sons ou texturas) Quanto mais precoce for feito o diagnóstico e iniciadas as intervenções para tratamento da criança, melhor pode ser a sua adaptação ao ambiente e qualidade de vida.

Tratamento Síndrome de Asperger

O tratamento para a Síndrome de Asperger tem como objetivo promover a qualidade de vida e sensação de bem-estar do indivíduo. É importante que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico, possibilitando obter resultados melhores.

Os pacientes com Síndrome de Asperger geralmente são inteligentes, mas têm um pensamento muito lógico e pouco emocional, e por isso tem muita dificuldade de relacionar com os outros, mas quando se estabelece uma relação de confiança com eles, o terapeuta pode discutir e compreender o porquê de alguns comportamentos “estranhos” ajudando-os a identificar qual a estratégia mais adequada para cada caso.

Acompanhamento psicológico

O acompanhamento psicológico é fundamental na Síndrome de Asperger, pois é durante as sessões que são observadas as principais características apresentadas pelo paciente e, assim, é possível identificar situações em que essas características são evidenciadas. Além disso, durante o tratamento com o psicólogo, ele é estimulado a conversar e conviver com outra pessoa que não faz parte do seu dia a dia.

É importante também que os pais e os professores participem desse processo e apoiem o desenvolvimento da criança. Assim, alguns exemplos do que os pais e professores podem fazer para ajudar a criança com Síndrome de Asperger são:

  • Dar ordens simples, curtas e claras à criança. Por exemplo: “Guarde o quebra-cabeça dentro da caixa, depois de brincar” e não: “Guarde os seus brinquedos, depois de brincar”;
  • Perguntar à criança o porquê da forma que está agindo no momento da ação;
  • Explicar de forma clara e calma que a atitude “estranha”, como falar um palavrão ou jogar algo em outra pessoa, é desagradável ou não é aceitável pelos outros, para que a criança não repita o erro;
  • Evitar julgar a criança pelos comportamentos que tem.

Além disso, de acordo com o comportamento que a criança apresenta, o psicólogo pode fazer jogos que possam ajudar a facilitar a convivência ou ajudar a criança a entender o porquê de ter tido determinada atitude e o ajudando a promover a qualidade de vida da criança.

ASPERGER AUTISMO
Coeficiente intelectual geralmente acima do normal Coeficiente intelectual geralmente abaixo do normal
Normalmente o diagnóstico se depois dos 3 anos Normalmente o diagnóstico se antes dos 3 anos
Aparecimento da linguagem em tempo normal Atraso no aparecimento da linguagem
Todos são verbais Cerca de 25% são não verbais
Gramática e vocabulário acima de média Gramática e vocabulário limitados
Interesse geral nas reações sociais
Desejam ter amigos e se sentem frustrados pela dificuldade social
Desinteresse geral nas reações sociais. Não desejam ter amigos
Incidência de convulsões igual que o resto da população Um terço apresenta convulsões
Se sente confuso Desenvolvimento físico normal
Interesses obsessivos de “alto nível” Nenhum interesse obsessivo de “alto nível”
Os pais detectam problemas por volta dos dois anos e meio Os pais detectam problemas por volta dos 18 meses de idade
As queixas dos pais são os problemas de linguagem, ou em socialização e conduta As queixas dos pais são os atrasos da linguagem

Referências

  • Instituto Neurosaber de Ensino -Londrina Paraná
  • Diagnostic and Statistical Manual – DSM 5
  • American Psychiatric Association. (2013).

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